“Apenas tenha cuidado! Preste muita atenção em sua vida para não esquecer dos acontecimentos que seus olhos viram e que nunca se aparte de sua memória,nem um dia de sua vida” (Dt. 4,9)
Compartilho com gratidão a experiência transformadora vivida no início do segundo semestre de 2025, durante uma peregrinação por lugares marcantes da história da Congregação das Irmãs de São José: Chambéry, Le Puy, Lyon e outras localidades por onde trilharam nossas Irmãs fundadoras e o Padre Jean Pierre Médaille. Foi um tempo de reencontro com as raízes do nosso carisma, de profunda conexão espiritual e de renovação da missão que nos une ao longo dos séculos.
Foi um tempo de aprofundamento, escuta, aprendizado, questionamentos e renovação interior. Uma oportunidade única de revisitar as etapas da nossa história carismática. Ao visitar os locais que testemunharam o nascimento da Congregação, compreendemos a importância de preservar esse patrimônio imaterial — fonte viva da nossa espiritualidade — transmitido de geração em geração.
Pelas estradas de Le Puy-en-Velay, caminhamos até a cozinha das primeiras Irmãs. Na simplicidade desse espaço sagrado, sentimos o calor do Espírito que aquecia seus corações. A "sopa da comunhão" simbolizava mais que alimento: era a missão presente em cada gesto, sustentando o Padre Médaille e as primeiras Irmãs — Françoise Eyraud, Claude Chastel, Marguerite Burdier, Anne Chalayer, Anne Vey e Anne Brun.
Essas mulheres, audaciosas e profundamente enraizadas na fé, deixaram um legado marcado por uma missão clara: servir aos pobres, órfãos, doentes e prisioneiros. Viviam fora dos muros do convento, na simplicidade e no silêncio, sendo contemplativas na ação. Assim, teceram o carisma fio a fio, espalhando-o pelo mundo.
Recordamos também, com reverência, nossas Irmãs mártires da Revolução Francesa: Anne Marie Garnier, Jean Marie Aubert, Sainte Croix Vincent, Senovert e Toussaint Doumoulin. Perseguidas e presas por sua fé, mantiveram-se firmes no amor a Cristo, mesmo diante da dor e do martírio.
Passar por lugares onde essas vidas foram doadas — como a cozinha das primeiras Irmãs ou a Praça dos Mártires em Le Puy — foi uma experiência profunda. A árvore da vida foi regada pelo sangue de nossas mártires e de mais 43 irmãos que deram a vida por fidelidade a Deus. Seu testemunho ainda hoje fecunda a missão da Congregação, lançando sementes de vida e esperança em todo o mundo — muitas vezes por meio de nossos mártires cotidianos.
Reviver essa história e beber da fonte nos desafia a olhar o passado com gratidão e o futuro com esperança. Diante dos novos desafios, somos chamadas a responder com a mesma coragem e fé:
"ASSUMA CORAJOSAMENTE O QUE DEUS QUER DE TI" (Máxima 66).
Reavivar e testemunhar o carisma em nossas orações pessoais e comunitárias; valorizar e invocar nossas Irmãs mártires e antecessoras; olhar o presente com esperança, sendo sinal vivo do Evangelho; e reassumir com coragem a missão de ser e fazer unidade, mesmo diante das dificuldades — na certeza de que Deus é nossa rocha e jamais nos abandona.
Agradeço à Congregação e à Província pela oportunidade de cuidar da nossa formação contínua. Mesmo após 375 anos, é essencial olhar para trás e reconhecer que, desde 1650, tantas vidas foram transformadas, unidas pela presença das Irmãs de São José e dos leigos comprometidos, sempre nutridos pela missão junto ao "querido próximo".
Que São José continue nos abençoando e fortalecendo nossos laços de comunhão e unidade.
ROMA: ANO JUBILAR DA ESPERANÇA
Além da peregrinação nos passos do Padre Médaille e das nossas Irmãs fundadoras, tive a graça de visitar Roma durante o Ano Jubilar da Esperança.
Foram dias de grande emoção e fé: visitar igrejas, locais santos e a vida de santos que marcaram a história da Igreja, como Santo Inácio de Loyola — cuja espiritualidade vivemos —, São Paulo, São Pedro, Santa Inês, Santa Cecília, entre outros que, com sua fé e adesão radical a Jesus Cristo, deram a vida como mártires do Amor.
Celebrar o Ano Jubilar, atravessando a Porta Santa, foi um momento de profunda graça. A fé foi reavivada, e o coração renovado para continuar vivendo e testemunhando o Evangelho da Esperança — com alegria, fidelidade e serviço à vida.
Obrigada, meu Deus, por tantas graças e oportunidades que me destes. Que eu possa sempre responder-Te com esperança, alegria e fidelidade.
Ir. Ana Maria da Silva
Nosso site não utiliza cookies próprios, mas integra funcionalidades de terceiros que enviarão cookies ao seu dispositivo. Ao continuar navegando, esses cookies coletarão dados pessoais indiretos. É recomendável que você se informe sobre os cookies de terceiros. Ao prosseguir, você concorda com nossa Política de Privacidade e Política de Cookies.