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2º CONGRESSO DE COMUNICAÇÃO-BRASIL

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2º CONGRESSO DE COMUNICAÇÃO DA CRB NACIONAL REFLETE SOBRE RESPONSABILIDADE DIGITAL, IA E EVANGELIZAÇÃO ESTRATÉGICA

 

 

Comunicadores religiosos, especialistas e lideranças da Vida Consagrada se reuniram em São Paulo para pensar os rumos da comunicação na Igreja diante dos desafios tecnológicos e sociais contemporâneos.

 

REFLEXÃO, MISSÃO E PARTILHA

 

 

Com o tema "Inovação, Inteligência Artificial e Estratégias Institucionais", teve início no dia 11 de setembro, na Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo (SP), o 2º Congresso de Comunicação da CRB Nacional. O evento foi promovido pelo Setor de Comunicação da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB Nacional), sob a coordenação da Ir. Neusa Santos, e reuniu mais de 300 participantes entre religiosos, comunicadores, especialistas e representantes de congregações e instituições de todo o país.

 

Entre os presentes estavam as Irmãs de São José de Chambéry Eliana Aparecida dos Santos, Rosane Steffenon e Rozângela Steffenon, juntamente com Alexsandro Alves da Silva, leigo do Pequeno Projeto. Todos se dedicaram a momentos intensos de formação, escuta, espiritualidade e partilha, com o propósito de fortalecer a missão evangelizadora por meio da comunicação.

 

 

EIXO CENTRAL: UMA COMUNICAÇÃO A SERVIÇO DA COMUNHÃO

 

A tônica do Congresso foi clara: a comunicação na Igreja precisa ser estratégica, ética, sensível e fundamentada na escuta ativa. Entre os temas abordados ao longo dos dois dias, destacaram-se:

 

  • A responsabilidade no uso das redes sociais;
  • Os impactos da Inteligência Artificial;
  • O papel da liderança digital;
  • A comunicação institucional e sua relação com a identidade carismática;
  • O cuidado com a imagem da Vida Religiosa;
  • A emergência climática e a necessidade de uma comunicação sustentável;
  • A comunicação em tempos de crise;
  • A importância de narrativas autênticas e simbólicas.

"O CORAÇÃO ARDENTE E O PÃO PARTILHADO" – REFLETINDO A EUCARISTIA NA COMUNICAÇÃO

 

Na abertura do Congresso, a Profª Dra. Nataša Govekar, diretora de Teologia Pastoral no Dicastério para a Comunicação do Vaticano, trouxe uma reflexão profunda e simbólica.

“Ao partilhar o pão e responder ‘amém’, reconhecemos o Corpo de Cristo – não apenas no altar, mas em cada pessoa. Isso transforma nosso olhar e nossa perspectiva. Somos todos corpo de Cristo.”

 

Partindo da Eucaristia, Nataša propôs uma nova forma de viver e comunicar: acolher a novidade no mundo, ser novidade para o mundo. Ela destacou que a comunicação deve nascer da experiência de comunhão, ser espaço de cuidado e gerar sentido. Em suas palavras:

"O silêncio pode ser uma pausa fecunda, e a comunicação verdadeira nasce dessa escuta profunda.".

 

COMUNICAÇÃO E VERACIDADE EM TEMPOS DE BOLHAS DIGITAIS


Um dos grandes alertas durante o congresso foi sobre os perigos da desinformação e das chamadas “bolhas digitais”, especialmente em aplicativos como o WhatsApp. A professora Dra. Nataša Govekar destacou a necessidade urgente de verificar as fontes, mesmo quando a informação vem de pessoas confiáveis, pois a credibilidade pessoal não substitui a verificação dos fatos. Chamou atenção também para o risco das redes sociais na formação da identidade, sobretudo entre adolescentes, e ressaltou a importância de evitar ambientes digitais tóxicos. Em um mundo onde muitos gritam, cultivar empatia, serenidade e escuta é a linguagem cristã que pode realmente transformar as interações.

 

 

IA E LIDERANÇA NO MUNDO DIGITAL – DR. KLEBERSON M. RODRIGUES


O especialista Dr. Kleberson M. Rodrigues apresentou uma análise do mundo atual, marcado pela volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade (VUCA), propondo um novo olhar: o “MUVUCA”, onde a mensagem ganha sentido e a universalidade convoca à ação conjunta. Destacou a forte influência dos algoritmos sobre comportamentos e decisões, reforçando a necessidade de líderes que saibam ouvir, discernir e agir com ética. Enfatizou a complementariedade como chave para lideranças mais humanas e colaborativas, bem como o uso consciente da Inteligência Artificial na gestão e evangelização, desde que fundamentado nos valores cristãos e a serviço do bem comum.

 

PRESENÇA DIGITAL DA VIDA RELIGIOSA – IR. NINA KRAPIĆ


A presença da Vida Religiosa nas redes foi abordada com sensibilidade pela Irmã Nina Krapić, que refletiu sobre a identidade e a imagem dos religiosos no ambiente digital. Segundo ela, a persona religiosa não deve ser confundida com a lógica da celebridade. Estamos nas redes para testemunhar, dialogar e estar próximos das pessoas. As mídias sociais devem ser compreendidas como espaços de comunhão e escuta, e não apenas de visibilidade. Por isso, o discernimento é essencial para saber o que dizer, como dizer e, principalmente, por que dizer.

 

COMUNICAÇÃO ESTRATÉGICA E STAKEHOLDERS – M.E. PAULO MOREGOLA


Paulo Moregola reforçou a importância do planejamento comunicacional nas instituições religiosas, buscando sempre alinhar a missão com a prática cotidiana. Enfatizou que a escuta ativa é o primeiro passo para gerar engajamento e fortalecer vínculos. A comunicação com stakeholders deve ser estratégica, coerente com os valores institucionais, e capaz de apresentar as ações sociais e pastorais de forma clara e autêntica. Nessa perspectiva, a comunicação deixa de ser apenas uma ferramenta e passa a ser um verdadeiro serviço à missão, com potencial para inspirar transformação social e compromisso comunitário.

 

NARRATIVAS E CULTURA – PROF. DR. LINDOLFO ALEXANDRE DE SOUZA


O professor Dr. Lindolfo Alexandre de Souza falou sobre a construção de narrativas institucionais como caminho fundamental para a Igreja articular sua identidade diante da sociedade. Explicou que a linguagem não se restringe ao idioma, mas abrange símbolos, gestos e até o silêncio. A maneira como a Igreja conta sua história impacta diretamente sua imagem pública. Narrativas verdadeiras, coerentes e simbólicas são essenciais para transmitir missão, valores e esperança, respeitando tanto a diversidade interna quanto as diferentes percepções sociais.

 

GESTÃO DE CRISE E COMUNICAÇÃO DO CUIDADO – DRA. ROSÂNGELA FLORCZAK


Em tempos em que a crise se tornou parte da rotina institucional e social, a Dra. Rosângela Florczak afirmou que comunicar é, acima de tudo, cuidar. A crise exige prevenção, presença serena e escuta ativa. Quando os conflitos surgem, a resposta deve ser transparente, ética e empática. A comunicação, nesse contexto, precisa nascer do cuidado e estar voltada para a restauração de vínculos e a promoção da confiança. A evangelização também acontece quando ajudamos as pessoas a interpretar os acontecimentos com profundidade e esperança, não apenas quando transmitimos informações.

 

SUSTENTABILIDADE E COMUNICAÇÃO – DRA. ALELUIA HERINGER


A especialista Dra. Aleluia Heringer abordou a gravidade da emergência climática, destacando que seis dos nove limites planetários já foram ultrapassados. Um dado alarmante revela que 1% da população mundial é responsável por mais emissões de CO₂ do que os 66% mais pobres. Para ela, a solução exige ação coletiva e comunicação estratégica, baseada em dados, exemplos positivos e histórias reais. Também destacou a importância de valorizar saberes populares e iniciativas comunitárias, favorecendo mudanças de estilo de vida e atitudes mais conscientes. A comunicação, nesse cenário, tem a missão de mobilizar corações e mentes para a construção de um futuro mais justo e sustentável.

 

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA IGREJA – MARIA CRISTINA DOMINGUES


Encerrando o evento, a especialista Maria Cristina Machado Domingues tratou das possibilidades e limites da Inteligência Artificial na vida da Igreja. A IA pode ser aliada da missão, auxiliando na produção de conteúdos, na catequese, no acesso à informação e na inclusão de pessoas com deficiência. No entanto, ela alertou que nenhuma tecnologia pode substituir o acolhimento fraterno, a graça dos sacramentos ou o testemunho pessoal dos discípulos missionários. Por isso, a Igreja deve assumir um papel ativo no debate ético sobre o uso da IA, garantindo que sua aplicação esteja sempre orientada pela dignidade humana, pela promoção da justiça e pelo bem comum.

 

COMUNICAÇÃO COMO CHAMADO E MISSÃO


Ao longo do congresso, ficou evidente que a comunicação, para além de uma ferramenta, é vocação. Comunicar é partilhar vida, aproximar corações, fazer-se presente, tornar visível a fé e a esperança. Em tempos de transformações rápidas e desafios globais, a Igreja é chamada a comunicar com responsabilidade, criatividade, escuta e verdade — como expressão concreta de sua missão evangelizadora e de seu compromisso com a dignidade da vida em todas as suas formas.

 

Ir. Eliana Aparecida dos Santos e Alexsandro Alves da Silva

 

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