Nuove Sante

Nome: Ir. Teresinha Muraro

“Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância!” (João, 10, 10)

“Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos!” (João 15, 13)

Irmã Teresinha Muraro nasceu em 1943, no dia nove de maio, em Criúva. Seus pais, Laurindo José Muraro e Olga Montanari Muraro, tiveram cinco filhos. Dizia Irmã Teresinha que, quando pensava na família, brotavam em seu íntimo sentimentos de alegria e gratidão profunda a Deus e aos pais, pessoas de oração, honestas, caridosas, participantes na Comunidade Igreja. A mãe era catequista e muito devota de São Francisco de Assis e faleceu justamente no dia quatro de outubro, dia a ele dedicado.   Fazia parte da Ordem Terceira. Uma característica marcante da família sempre foi a unidade entre todos e a oração.

Irmã Teresinha sentiu o chamado a viver a Vida Religiosa Consagrada durante um retiro que fez a convite das Irmãs. O silêncio do Convento, a oração e as insistentes preces a São José calaram fundo em seu coração, despertando o desejo de seguir Jesus e de ser como Ele. Sendo fiel a esse chamado, no dia 17 de dezembro de 1964, em Garibaldi, fez seu primeiro engajamento na Congregação das Irmãs de São José de Chambéry.

Como Irmã de São José, foi enviada para Pelotas para continuar os estudos. Fez vestibular para a Medicina na Universidade Católica de Pelotas, sendo aprovada em primeira chamada. Fez estágio em Clínica Geral e Obstetrícia. Desejava ser médica para concretizar o sonho de Jesus: “Que todos tenham vida e a tenham em abundância!” E foi animada por esse sonho de Jesus que Irmã Teresinha iniciou sua missão e profissão, inserindo-se em meios populares pobres no Estado do Maranhão, onde o povo clamava por saúde, comida e moradia. Em Mirador, foi médica e diretora do Hospital Municipal por vários anos. Priorizava a saúde preventiva. Para conseguir medicamentos e equipamentos junto ao Secretário de Saúde, em São Luís, percorria até 500 km a fim de melhor servir e ajudar o povo. Irmã Teresinha confessa: “Por várias vezes chorei diante da situação de pobreza, exploração e miséria em que o povo vive”.

Em 1984, integrou a Comunidade das Irmãs em Balsas, onde também residia Irmã Cecilia Inês Muraro, tia de Ir. Teresinha. Ali exerceu a profissão de médica no Hospital São José dos Padres Camilianos, atendendo gratuitamente também no Posto de Saúde no interior a 45 km da Sede. Acompanhava Hansenianos, procurando ser presença de esperança e escuta. Exerceu o cargo de Coordenação da Comissão Regional Interinstitucional Municipal de Saúde por dois anos. Foi aqui que precisou ter coragem, sem temer as consequências, de anunciar o Reino de Deus que é Justiça e de denunciar o que contraria o Projeto do Pai.

Em Paraibano, foi médica e diretora no Hospital Municipal Dr. Pedro Neiva de Santana. Foi coordenadora do Programa Saúde da Família, visitando e consultando doentes acamados em suas residências. Em 2009 e 2010, trabalhou no Hospital Municipal de São João dos Patos e na Saúde Preventiva no Centro Alternativo Solidário. Por motivo de saúde, em 2011, voltou a Caxias do Sul, residindo na Casa Nazaré, dando sua preciosa colaboração às Irmãs idosas e doentes e atendendo a outras necessidades da casa. Foi uma vida rica em doação, acolhida, em compaixão e cura junto a tantas pessoas que clamam por dignidade e melhores condições de vida.

Por muito tempo e ainda hoje Irmã Teresinha Muraro continua sendo lembrada pelo povo das comunidades onde atuou. Recebia telefonemas e mensagens de agradecimento, de carinho expressando saudades e o quanto ainda sente a falta de sua presença alegre e cheia de esperança. Fazendo a releitura de sua trajetória, especialmente no Maranhão, dizia Irmã Teresinha que se sentia uma pessoa feliz porque amou, ajudou e curou como Jesus que ouvia, atendia, acolhia o grito dos doentes e de seus cuidadores.

A vida e missão de Irmã Teresinha exigiu muitos sacrifícios, doação, sair do próprio conforto e, principalmente, gratuidade e simplicidade. E ela foi fiel ao chamado de Deus mesmo com muitas exigências. Buscava forças na Eucaristia, na oração pessoal e comunitária, na Palavra de Deus que ilumina e conduz, bem como na História da Congregação que procura estar atenta e responder aos Sinais do Tempo.

Querida Irmã Teresinha, tua vida profética nos desafia a viver e anunciar o Carisma de Unidade no mundo ferido e tão desigual. Obrigada, querida Teresinha Muraro. Partes porque o Senhor te chamou. Nós ficamos com saudades de te ver tão alegre, comunicativa, amiga, liberta e acolhedora. Contigo queremos, nesse momento, rezar a oração que tu mesma fizeste e tantas vezes a rezaste:

“Recebe minha vida, Senhor Deus, com todos meus valores, com todos os meus limites.

Recebe-me como tua criatura, pois és meu “Criador”.

Recebe-me como uma de tuas ovelhas, pois és meu “Pastor”.

Recebe-me como tua filha, pois és meu Pai!

Que a chama da fé que carrego comigo desde o Batismo, não enfraqueça e nunca se apague.

Que ela seja sustentada pelo óleo de uma experiência profunda contigo na oração, pelo seguimento da trajetória do teu Filho Jesus, que para fazer a tua vontade me amou e se entregou por mim.

Que esta chama seja sustentada, ainda, por um amor concreto às irmãs e aos irmãos, num relacionamento de verdadeira fraternidade, onde não exista dominados, nem dominadores; nem vencidos, nem vencedores...

“RECEBE-ME, SENHOR, COMO SOU E DEVOLVE-ME COMO ÉS”.

AMÉM!

Descansa em Paz!

Caxias do Sul, 12 de março de 2022.