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Congregação das Irmãs de São José de Chambéry | Notícias Gerais

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    17 de Ago, 2020 | As Irmãs de São José na Prelazia de São Felix do Araguaia: Uma Igreja a serviço do Reino

     Do Araguaia até o Xingu, Do Pará ao Travessão:
    Prelazia de São Félix,  Povo de Deus no sertão!

    (Hino da Prelazia de S. Felix)

    No dia 30 de julho de 1968, chegavam a São Félix, de caminhão, os dois primeiros Claretianos: Pe. Pedro Casaldaliga Pla e Ir. Manoel Luzón. Região com extensas matas, povos originários em aldeias, posseiros (pessoas que tira seu sustento da terra, não são invasores, ocupam terras devolutas) e trabalhadores da terra explorados, a maioria sertanejos nordestinos em “roças-de-toco” ou em reduzidos povoados.


    Em 1969 começaram as conversas dos Claretianos com o Conselho Provincial das Irmãs de São José de São Paulo para enviar Irmãs à missão. No mesmo ano, Pe. Faliero, que pregava um retiro às Irmãs, chamou Pe. Pedro a Itu. Pe. Pedro falou às retirantes sobre a missão acendendo o desejo missionário em várias retirantes.


    Em 1970, a provincial e uma conselheira, foram a São Félix. Após trâmites oficiais, a Congregação assumiu a missão. Em 1971 foram enviadas as cinco primeiras Irmãs. Foram recebidas no aeroporto com rojões e um hino feito por uma aluna. A recepção continuou em São Félix depois de atravessar o Rio Araguaia de barco. Com as Irmãs, foram dois jovens professores leigos.


    Aí foi começar a organização para o trabalho num esquema de Pastoral e Promoção Humana: visitas nas casas, clubes de mães, grupos de rua, de jovens, catequese, educação popular, saúde com o ambulatório, etc....  Em seguida, outras Irmãs chegaram para reforçar o atendimento à saúde, grande problema na região.



    “A carta de Pedro que mudou a Amazônia”


    A 30 de setembro de 1971, o Papa Paulo VI nomeou Pe. Pedro Bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia. Logo, no dia 23 de outubro, foi sua sagração episcopal, à beira do rio. Um Bispo, pé no chão, com símbolos típicos da região. Nesse dia memorável, lançou a Carta Pastoral: “
    A Igreja da Amazônia em conflito com o latifúndiomarginalização social”. Uma voz profética, grito da Amazônia batendo de frente com o regime militar. Seria a primeira denúncia mundial sobre a situação da Amazônia. Chegou a ser chamada “A carta de Pedro que mudou a Amazônia”.

    A reação à carta não demorou acontecer, surgiram confrontos diversos entre fazendeiros, psseiros e trabalhadores da terra que eram explorados. Muitos foram presos  e outros esconderam-se na mata. Assim aos poucos e até rapidamente, a realidade foi exigindo redefinir as formas de presença e atuação. Toda a Equipe de Pastoral (Agentes de Pastoral Leigos/as, Padres, Irmãs e o Bispo) diante do conflito, decidiu, evangelicamente, fazer a opção pastoral comprometida com os índios, e trabalhadores explorados.

    As denúncias e acontecimentos da Prelazia se espalharam ganhando muitos inimigos e perseguidores. O Bispo Dom Pedro, foi muitas vezes perseguido, ameaçado de expulsão e até de morte. Seguidor de Jesus, compartilhando sua vida e a vida e lutas do povo, prosseguiu, cheio de confiança em Deus e paixão pelo Reino.  Perseguida, a Igreja de São Félix ganhou também a admiração de muitas Igrejas que buscavam inspiração e caminhos de libertação no compromisso com o povo.


    “Esta missão é um estímulo para a Igreja e boa para questionar a Congregação”


    Depois dos primeiros embates na missão, aos poucos, pela idade ou saúde, as Irmãs da Comunidade inicial foram voltando a São Paulo, deixando apreciada contribuição numa igreja que nascia, contudo, outras Irmãs foram chegando.


    Durante a maior parte do tempo, a Província, acompanhou e deu apoio às Irmãs na Missão em São Felix.  Mas com certeza, várias Irmãs, se perguntavam com dificuldade de entender a opção desta Igreja. As visitas do Conselho Geral e Provincial foram momentos importantes para refletir e retomar juntas o sentido de nossa presença e participação. Os encontros e partilhas na Província tiveram seu lugar neste processo.

    Inversamente, as Irmãs na missão na Igreja de São Félix, trouxeram para dentro da Província, nova experiência de compromisso e partilha nas lutas do povo, em busca de libertação. Consta uma avaliação das Irmãs do Conselho: “No conjunto: unidade pastoral ao mesmo tempo que um pluralismo de expressões e identidades. Esta missão é um estímulo para a Igreja e boa para questionar a Congregação”. Com certeza, participar desta querida e inspiradora Igreja, a serviço do Reino, até as últimas consequências, foi um privilégio, uma bênção. Imensa gratidão ao “Pai das Luzes, de quem procede toda dádiva perfeita” (Tg 1,17). 


    Pedro, Irmão, Pastor, Profeta, Poeta, Santo


    Várias Irmãs tiveram graça de viver essa bênção, em períodos mais ou menos prolongados. Atualmente, quando a condição de disponibilidade é limitada, a Província tem na uma comunidade com duas Irmãs região. O Bispo Dom Pedro pediu que as Irmãs de São José não desistam de manter presença missionária na sua Prelazia. 

    Mensagem de D. Pedro Casaldaliga (nos 400 anos do nascimento do Pe. Médaille)

    “Queridas Irmãs de São José de Chambéry, a Congregação é família da Prelazia de São Félix do Araguaia. Seguiremos muito unidos nas lutas e nas esperanças do Reino”.

    São José de Nazaré,

    Quebra-galhos no silêncio

    E quebra-dias na fé.

     

    Por companhia Maria;

    Como serviço, Jesus;

    Por entre as noites e os dias,

    O claro-escuro da Cruz.

     

    Ao lado do Esperado

    Sabes ainda esperar,

    Teu banco de carpinteiro

    Feito salário e altar.

     

    (Pedro Casaldaliga às Irmãs de São José em março de 1987)
     

    Querido Pedro, irmão, Pastor, Profeta, Poeta, Santo, descansa em PAZ!  Nós, te amamos!

     

    Ir. Paula de São José Gobbi, São Paulo  

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